Vamos conversar?

“Deve ser mercúrio retrógado”, “eu não quis ser grossa”, “devia ter falado isso”, “ai meu estômago”.

Já pensou que a raiz dos maiores problemas do mundo atualmente giram em torno de falhas de comunicação? Aliás, mais do que isso, da falta de comunicação. E hoje viemos falar sobre isso, sobre como é importante dividir o que sentimos e abrir cada vez mais espaços de diálogos em nossos relacionamentos de maneira geral: desde os amorosos até os de trabalho, dos mais informais aos diplomáticos.

Quantas vezes nos pegamos criando conversas imaginárias e guardando tudo dentro da gente? Desenvolvemos ansiedade, doenças, tristezas ou externalizarmos em forma de explosões de raiva desproporcionais às situações. Ou pior, deixamos o desabafo só pra hora marcada da terapia. Se falássemos sempre (sempre que possível, vai) o que pensamos, sentimos e queremos, isso nem precisava virar um “desabafo”, porque não teria acumulado, seria só um bate-papo. Quando propomos uma conversa, um canal de troca é aberto instantaneamente. E, se isso é feito de maneira cuidadosa e cheia de respeito, vira de fato uma prática social comum. Imagina que maravilha seria? Será! (:

Mas, vamos ser sinceras, nem sempre é fácil abrir esse diálogos, por isso saber algumas ferramentas podem ajudar muuuito! Algumas até já conhecemos, mas esquecemos de colocar em prática. A primeira de todas com certeza é o respeito e a empatia pelo outro, se colocando no lugar e ir de coração aberto. Colocamos aqui embaixo algumas práticas que podem ajudar na hora de colocar essas conversas em prática.

Ouvido mágico

Falar é terapêutico, ser franco mesmo nos transforma e pode transformar o outro. E, claro, é um passo essencial para quem propõe uma conversa. Às vezes precisa de uma dose de coragem, mas se vamos com intenções claras e boas, nada de mal pode acontecer. Muito pelo contrário, pode florescer muitas coisas.

Tão importante quanto falar, é ouvir, quando ouvimos, compreendemos e aprendemos a partir da vivência do outro. Ouvir sem pensar qual a próxima coisa que vai falar é muito raro hoje em dia. Já pensou que nem sempre as pessoas estão em busca de soluções imediatas? Às vezes só querem ser ouvidas e confortadas. E isso cria muita confiança para seu lugar de fala em outras oportunidades. Então, a nossa dica aqui é: se alguém começar a contar uma história ou compartilhar alguma coisa, experimente arrumar uma posição confortável, olhe no olho, mostre que você está ali sem pressa. Você vai ver a diferença que faz.

Comunicação-não-violenta

A crítica, por si só, é algo improdutivo, pois acabamos ofendendo ou acusando alguém e então essa pessoa não tem recursos para entender o que está acontecendo de fato, porque ela está sendo “adjetivada” e reagindo a isso. E ninguém gosta disso. Em um relacionamento amoroso, se você diz “você é egoísta”, o que a pessoa pode fazer com essa informação? Ela provavelmente vai se sentir mal e injustiçada, ficando triste ou com raiva. Mas se você colocar o que você sente e quando, a situação fica mais clara e você pode estimular mudanças, “quando você faz isso, eu me sinto assim, podemos falar sobre isso?”. A partir daí vocês podem entender que ela não tinha aquela intenção, ou que ela vai prestar mais atenção e não fazer mais isso ou até perceber que pode existir algum trauma do passado que te faz enxergar a situação daquele jeito: em todas essas possibilidades hipotéticas, as chances de vocês desenvolverem o assunto para se ajudarem são imensamente maiores.

Dessa maneira, você abre um diálogo que comunica como você se sente, afinal, só podemos falar sobre o que está dentro de nós, jamais dentro do outro. Essa dica é inspirada na nossa releitura da técnica/filosofia/maravilhosidade viciante de linguagem desenvolvida pelo Marshal B. Rosenberg em seu livro: Comunicação-Não-Violenta. Super recomendamos.

Questionar e aceitar ser questionado

O questionamento é processo básico de qualquer investigação, e é isso que nos permite evoluir nas ciências e também na vida. Quando crianças, questionamos todos os quais e porquês, mas ao longo do amadurecimento, a gente reprime esse hábito. Isso torna esses questionamentos tão raros que quando acontecem, acabam sendo percebidos de forma desastrosa: como se duvidássemos da palavra da outra pessoa. Não podemos mudar o outro, mas podemos mudar nós mesmos, questionando com delicadeza e principalmente: sendo abertos e receptivos quando nos questionarem. Às vezes falamos coisas que temos certeza e ainda sim somos questionados. Um absurdo, certo? Nem sempre! Que tal exercitar a paciência e compartilhar o processo que te levou a essa certeza com o outro? Esse é um ato generoso que pode te ajudar a se expressar melhor e também ao aprendizado do outro, que estará mais seguro ao te apoiar naquele pensamento. Se o outro duvida, não devemos levar pro pessoal e sim pensar que cada pessoa é um universo a parte e que talvez essa pessoa só esteja investigando e querendo saber mais sobre o que você propõe. Esse é um exercício de crescimento: tanto realizar ou receber essas perguntas ajuda a ter conversas mais pacíficas.

 

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